LER É DAR VIDA AO LIVRO
A leitura é um hábito. Muitos de nós já ouvimos esta frase. Em uma pesquisa sobre "A Análise do Discurso na Linguagem Acadêmica", dissertei sobre como a falta de leitura resulta em deficiência na fala, na escrita e na comunicação, privando-nos de conhecer o mundo maravilhoso dos livros.
Diversos instrumentos podem ser utilizados para se adquirir habilidades linguísticas oral e escritas. Afinal, toda leitura de qualidade nos ensina algo. Revistas, jornais, gibis de HQs, tudo é válido na aquisição do conhecimento. Mas o livro ainda lidera na hora de agregar as diversas possibilidades de cultura.
Longa foi a evolução da escrita manuscrita até chegarem os
impressos que nos causam tanto prazer na leitura. O certo é que somente podemos
considerar como livro o que se pode carregar nas mãos. Portanto, não trataremos
neste artigo dos recursos materiais utilizados por escritores primitivos,
embora o Pentateuco Bíblico, atribuído ao profeta Moisés, tenha origem nos
registros em argila.
Do papiro ao papel de variadas texturas que usamos hoje,
houve muitas tentativas de se compilar textos em sequência, que desse sentido
aos manuscritos. Os pergaminhos foram os que mais se aproximaram do ideal. De
matéria mais resistente - couro de carneiro ou bezerro - podiam ser colados e
enrolados, o que facilitava seu manuseio e transporte.
O papel fabricado de bambus e outras ervas pelo chinês
Tsai-Lun, em 123 a.C., deu início ao aprimoramento do material necessário ao
nosso objetivo final - a publicação de um objeto raro e valioso - o livro.
Um bom livro nos possibilita ir a qualquer lugar do mundo,
viajando em suas estórias, conhecendo personagens incríveis.
Muitas viagens fiz de avião, trem,
navio
e canoa a lugares distantes.
Alguns
rios e mares
"nunca
dantes navegados"
Estive
em castelos sombrios
nos
Morros Uivantes.
Em
seringais colhi a seiva
da
floresta, conheci barracão
onde
soldados da borracha
se
endividavam pelo pão.
Cruzei
o lago do Monstro Ness,
nas
Terras Altas da Escócia.
Tantos
lugares visitei,
Vivi e
me emocionei.
Como
um ser de
leveza
insustentável,
não
sei se o livro entrou em mim,
ou se
fui eu que nele entrei.
(Raquel
Santos)
Quando lemos, o conteúdo nos permite assimilar um misto de
sensações inesquecíveis. Há livros que lemos mais de uma vez, tal seu
encantamento. Deixo alguns exemplos, para que experimentem como é bom...
*emocionarmo-nos com as tragédias de Shakespeare;
*acompanhar as aventuras do pseudo-herói Dom
Quixote, de Miguel de Cervantes;
*chorar o sofrimento dos retirantes
nordestinos, em Vidas Secas, de Graciliano Ramos;
*revoltar-se com a condição sub-humana de
escravidão em que viviam os seringueiros, em Amazônia, um Paraíso Perdido, de
Euclides da Cunha;
*entender como a bondade e a compreensão de
alguém pode mudar a vida de um condenado ao sofrimento, em Os Miseráveis, de
Victor Hugo;
*mostrar como uma mulher jovem e mimada pode
ser forte e lutar pela sobrevivência, apesar das decepções, em E o Vento Levou,
de Margaret Mitchell;
*saber que existem heróis sem caráter, em Macunaíma,
de Mário de Andrade;
*divertir-se com o senso de humor de Luis Fernando Veríssimo, em Diálogos Impossíveis;
E outras tantas obras de ficção ou históricas, líricas ou épicas, em verso ou em prosa, que emocionaram milhões de leitores desde a criação dos livros.
Entretanto, por melhor que seja, o conteúdo da obra literária só terá vida se for aberto, manuseado, cheirado, lido e compreendido por um leitor.
Raquel Fonseca
05/01/2021
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