NATAL: uma história de luz

 O Natal que festejamos hoje, certamente, não tem o mesmo significante das festas que iniciaram há mais de dois mil anos. Porém, se analisarmos seus porquês e objetivos, encontraremos no campo semântico o mesmo significado: uma festa de luz.

No ano 273 d.C., o Imperador Romano Aureliano estabeleceu a data de 25 de dezembro como o dia do nascimento do Sol. Durante séculos, neste dia, os povos já se reuniam para comemorar a Festa do Sol: Natalis Solis Invicti, “Nascimento do Sol Invencível”.

Não somente os romanos, mas também outras culturas antigas, como os povos celtas e até os bárbaros vikings esperavam, ansiosamente, pelo Solstício de Inverno, um fenômeno natural que acontecia, no dia 21 de dezembro, no Hemisfério Norte – a noite mais longa do ano. Deste dia em diante, embora a Primavera ainda estivesse distante, aos poucos, as noites iam ficando mais curtas, dando vez aos dias em que o Astro-Rei se fazia mais presente.

Estes povos acreditavam que o Solstício de Inverno trazia boas energias, associando-o diretamente ao nascimento e renascimento, como o ponto de virada das trevas para a luz: o renascer do Sol. Com ele, volta a esperança ao coração dos agricultores, cuja adoração ao Sol justificava-se pelos benefícios que este trazia à agricultura, tanto para a subsistência quanto para o comércio, gerando a esperança  de aumento na colheita, para o ano seguinte.

A esperança gerava neles tanta alegria que, neste período, os agricultores aproveitavam para confraternizarem-se com a família e os amigos, celebrando os frutos que viriam na boa colheita, trocando presentes para desejarem a paz e a prosperidade. Era o momento propício para a interiorização dos homens. A própria natureza criando condições ideais para este fim, contribuindo para que brotassem dentro de cada um sentimentos profundos.

Esta festa confraternizava povos, também, na Mesopotâmia, na Grécia e no Egito, durante vários dias.

Assim, mesmo que as noites ainda fossem longas, havia a certeza de que o Sol nasceria novamente.

 

“o Sol há de brilhar mais uma vez,

a luz há de chegar aos corações.

Do mal será queimada a semente,

o amor será eterno novamente.

É o juízo final

A história do bem e do mal

Quero ter olhos pra ver

A maldade desaparecer”

(Nelson Cavaquinho)

 

Dentro deste conceito de nascimento e renascimento, tanto da natureza quanto dos seres humanos, o então, Imperador de Roma, Constantino, converteu-se ao Cristianismo, no século IV d.C.; em consequência disto, transformou a festa pagã em festa cristã, associando-a ao nascimento de Jesus de Nazaré, por considerá-lo o Profeta da Luz.  

Muito antes disso, na Roma Antiga, os romanos concebiam o planeta Saturno como deus da agricultura e já estavam acostumados a comemorar, neste período, em uma festa que durava 4 dias - a Saturnália. Em clima de paz e harmonia, reuniam-se em banquetes e trocavam presentes. Por este motivo, não se importaram com a decisão do Imperador de incluir, no dia 25 de dezembro, a comemoração do nascimento de uma criança pobre, no meio de pessoas pobres.

Quanto à simbologia do Natal, os povos foram criando temáticas significativas, tais como:

1.    O presépio – historiadores contam que o primeiro presépio foi montado por Francisco de Assis, no gênero teatral, utilizando pessoas e animais como forma de mostrar ao povo humilde como nasceu o menino Jesus.

2.    Reis magos – três homens revestidos de sabedoria veem a estrela que os conduz, para testemunhar o nascimento daquele que, como o Sol, representaria a Luz.

3.    Árvore de Natal – o tradicional pinheiro é considerado a árvore da vida, porque é a única que resiste ao rigoroso inverno, mantendo-se verde e frondosa em todas as estações.

4.    Papai Noel – em 274 d.C., o ancião Nicolau, bispo, rico e generoso doava, discretamente, aos pobres, sacolinhas com moedas de ouro. Daí surgiu a lenda do bom velhinho distribuindo presentes.

Sentar-se à mesa para a ceia de Natal é compreender a mensagem decorrente da data, que fala de amor ao próximo, de paz e renascimento. Uma festa familiar que toca muitas pessoas, não necessariamente religiosa, mas de forte espiritualidade. Uma festividade de luz em comemoração à vida.

FELIZ NATAL!

Raquel Fonseca

05/12/2020

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