WEB POETAS, WEB ESCRITORES E AFINS - uma realidade cultural em evolução

 

Da literatura de cordel, recurso dos poetas populares, que não tinham condições financeiras para publicação de seus escritos, até o advento da internet, a leitura de romances, contos e poemas sempre foi o caminho certo de se obter entretenimento e conquista de conhecimentos. Hoje, pode-se ler uma Revista Eletrônica Interativa, como a The Bard, de J.B.Wolf, saboreando  poesia, arte e música e ainda ter uma biblioteca inteira ao alcance das mãos num smartphone.

Na era do culto às enciclopédias, muitos poetas e escritores clássicos exibiam-se nas prateleiras das estantes, em romances ou poemas épicos e líricos, nas residências de pessoas ditas letradas.

Escrita em versos ou em prosa, a poesia é entendida como a emoção, a parte imaterial do texto e pode manifestar-se em gêneros narrativos, canções, poemas, peças teatrais, imagens, filmes, publicidade, por exemplo.

Se antes, para a produção de quaisquer das obras descritas acima, havia todo um processo difícil, longo e dispendioso, agora basta um cadastro numa das redes sociais, como também em revistas literárias e de arte eletrônicas, sites e blogs disponíveis para publicação gratuita das criações literárias e cênicas.

A liberdade de expressão aliada à facilidade de publicação, rapidamente, fez das plataformas de comunicação virtuais o veículo de informação que muitos poetas iniciantes precisavam para expor suas ideias, inspirações, reflexões, músicas etc.

Jovens escritores encontraram neste modelo de postagem a chance de manifestarem seus dons, iniciando-se na arte da escrita, através de poemas, pensamentos, contos e minicontos, muito ao  gosto dos leitores, por apresentarem um só enredo, linguagem simples e de sugestão, deixando ao leitor a tarefa de preencher as entrelinhas, a partir da sua imaginação.

Assim, as crônicas publicadas em revistas e jornais passaram a ser diários virtuais nos blogs e sites. Romances, contos e poemas podem ser lidos em eBooks e ouvidos em audiolivros, por preços mais acessíveis aos leitores.

Para o filósofo russo Mikhail Bakhtin “a comunicação é dialógica e intertextual [...] nenhum discurso é original; toda palavra é uma resposta à palavra do outro”.

Dentro desse contexto situam-se as variadas possibilidades de criação e recriação da linguagem. A música Monte Castelo, de Renato Russo, é um exemplo de recriação de texto, utilizando trechos bíblicos (1Cor 13) e versos de Camões. Outro exemplo são os versos de Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, escritos em 1843: “Nossos bosques têm mais flores, nossa vida mais amores...” e o Hino Nacional Brasileiro, nos versos “teus risonhos lindos campos têm mais flores / Nossos bosques têm mais vida / Nossa vida, no teu seio, mais amores.” (Osório Duque Estrada, 1909)

Assim como na livraria, a internet oferece todos os tipos de gêneros de textos. Mas há que se saber separar o joio do trigo. Nem toda a literatura é confiável. Muitas publicações são resultado de trabalhos de conclusão de cursos, que sofrem inferências de ideologias pessoais.

Outro problema dessa produção ciberpoética é a proteção e preservação do material publicado – arquivos digitais - e respeito ao direito de propriedade. Cópias, plágios e outras atitudes ilegais estão se tornando costumeiras. Citações de poemas no todo ou em parte, sem divulgar os nomes de quem os escreveu, devem ser evitadas, porque infringem a lei dos direitos autorais. Os originais podem servir apenas como inspiração.

Enfim, esses projetos on-line disseminam cultura, oportunizam boas leituras, estimulam novos poetas e escritores a enveredarem pelo mundo literário e adentram todos os lares, com ou sem estante, letrados ou não.

Raquel Fonseca

05/11/2020

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